Por que cada vez mais jovens adultos estão tendo câncer?

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Nos últimos anos, uma tendência preocupante vem sendo observada em todo o mundo: o aumento expressivo de casos de câncer entre jovens adultos, especialmente aqueles com menos de 50 anos. Embora a doença ainda seja mais comum em pessoas mais velhas, estudos recentes mostram que a incidência de câncer nessa faixa etária subiu quase 80% nas últimas três décadas, enquanto as mortes aumentaram 28% no mesmo período. Diante desse cenário, é fundamental compreender as razões por trás desse crescimento e, principalmente, adotar medidas de prevenção.

O que está provocando esse aumento?

Tradicionalmente, o câncer era associado ao envelhecimento, já que o acúmulo de mutações ao longo da vida aumenta o risco da doença. No entanto, o perfil dos pacientes está mudando. Muitos jovens diagnosticados hoje não apresentam histórico familiar ou predisposição genética clara. Isso indica que outros fatores estão desempenhando um papel importante.

Entre os principais motivos apontados pela ciência, destacam-se:

  • Mudanças no estilo de vida: O aumento da obesidade, o consumo excessivo de álcool e a alimentação baseada em ultraprocessados têm forte relação com o crescimento dos casos. Nos Estados Unidos, por exemplo, 10 dos 17 tipos de câncer que mais crescem entre jovens estão ligados à obesidade, incluindo câncer de rim, ovário, fígado, pâncreas e vesícula biliar.
  • Consumo de álcool: O álcool é considerado cancerígeno pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, e mesmo pequenas quantidades já aumentam o risco de desenvolver a doença. O aumento do consumo, especialmente entre mulheres millennials, tem sido associado a mais casos de câncer de fígado e esôfago.
  • Exposição à luz artificial: Pesquisadores sugerem que a exposição constante à luz artificial pode desregular o relógio biológico, elevando o risco de cânceres como mama, cólon, ovário e próstata. O trabalho em turnos e o uso excessivo de dispositivos eletrônicos à noite são fatores de atenção.
  • Alimentos ultraprocessados: Ingredientes como emulsificantes e corantes podem causar inflamação intestinal e danos ao DNA, elevando o risco de câncer não só colorretal, mas também de mama e leucemia.
  • Uso de antibióticos: O uso frequente de antibióticos, especialmente na infância, pode alterar o microbioma intestinal e, consequentemente, aumentar a predisposição a diversos tipos de câncer, como pulmão, linfomas e pâncreas.
  • Altura e fatores hormonais: O aumento da altura média da população, associado à maior exposição ao hormônio do crescimento, também foi relacionado a um risco maior de câncer, devido ao maior número de células e oportunidades para mutações.

O cenário brasileiro

No Brasil, ainda faltam dados consolidados sobre o aumento de câncer em jovens, mas especialistas já alertam para fatores preocupantes. O consumo de agrotóxicos, o uso de cigarros eletrônicos (vape) e o tabagismo continuam sendo ameaças relevantes. Além disso, a exposição a poluentes e produtos tóxicos também pode contribuir para o aumento dos casos.

Diagnóstico e desafios

Apesar do avanço nos tratamentos, o diagnóstico em jovens pode ser mais difícil. Muitas vezes, sintomas como fadiga, inchaço ou alterações intestinais são subestimados tanto pelos próprios pacientes quanto pelos profissionais de saúde, justamente por não se enquadrarem no perfil típico de risco. Isso pode atrasar o diagnóstico e dificultar o tratamento, já que 80% dos casos ainda ocorrem em pessoas com mais de 55 anos, mas a atenção aos sintomas em jovens é cada vez mais necessária.

Como se prevenir?

A prevenção continua sendo a melhor estratégia para reduzir o risco de câncer em qualquer idade. Para isso, adotar hábitos saudáveis é fundamental:

  • Alimentação equilibrada: Prefira alimentos naturais e evite ultraprocessados, ricos em aditivos químicos.
  • Prática regular de exercícios: O sedentarismo é um fator de risco importante, portanto, mantenha-se ativo.
  • Evite álcool e tabaco: Reduza ao máximo o consumo dessas substâncias, que são comprovadamente cancerígenas.
  • Proteja-se de poluentes e agrotóxicos: Sempre que possível, escolha alimentos orgânicos e minimize a exposição a substâncias tóxicas.
  • Cuidado com a automedicação: O uso indiscriminado de antibióticos pode prejudicar o microbioma intestinal e aumentar o risco de câncer.
  • Atenção aos sintomas: Não ignore sinais persistentes, como alterações intestinais, fadiga ou dores inexplicáveis. Procure um médico e exija investigação adequada.

O futuro e a importância do diagnóstico precoce

As projeções indicam que, se nada for feito, a incidência de câncer em jovens adultos pode aumentar mais de 30% até 2030. Por isso, além de investir em prevenção, é fundamental garantir o acesso ao diagnóstico precoce, que aumenta significativamente as chances de cura e reduz a mortalidade.

Em resumo, o aumento dos casos de câncer entre jovens adultos é resultado de uma combinação complexa de fatores ambientais, comportamentais e biológicos. A informação, o cuidado com a saúde e a adoção de hábitos saudáveis são as melhores armas para enfrentar essa tendência preocupante. Afinal, prevenir ainda é o caminho mais seguro para proteger as próximas gerações dessa doença que, infelizmente, não escolhe idade.

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